quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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Reflexão - O Rabino e os Filhos

Segue abaixo um conto que tem relação com o tema que esta sendo trabalhado esta semana no nosso blog - Pais Enlutados.

O Rabino e os Filhos

Narra antiga lenda que um rabino, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família: uma esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez empreendeu longa viagem, ausentando-se do lar por vários dias. No período, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.
A mãe sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura. Mas, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia? Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção. Lembrou-se de fazer uma prece, rogando a Deus auxílio para resolver a difícil questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabino retornou ao lar. Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos. Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.
Alguns minutos depois, estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos. A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido:
 - Deixe os filhos. Primeiro quero que você me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado, perguntou:
 - O que aconteceu ? Notei você abatida! Fale!  Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
 - Enquanto você este ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse...Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois me afeiçoei a elas. O que você me diz?
 - Ora, mulher! Não estou entendendo o seu comportamento ! Você nunca cultivou vaidades! Por que isso agora?
 - É que nunca havia visto jóias assim ! São maravilhosas!
 - Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.
 - Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabino respondeu com firmeza:
 - Ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo! Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
 - Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos. Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem Ele veio buscá-los. Eles se foram...
O rabino compreendeu a mensagem Abraçou a esposa, e juntos derramaram muitas lágrimas.
 
 
 
Nossos filhos, antes de serem "nossos", são filhos de Deus. Ele os ama e os confia aos nossos cuidados durante um certo tempo, que varia de acordo com os seus planos. O fato de os gerarmos para a vida não nos dá o direito de pais, mas apenas de genitores. Portanto, vamos curtir com eles pelo tempo que Deus confiá-los a nós.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pais Enlutados

"A vida não é mais a mesma, ela recomeçou sem aquela pessoa e com uma história interrompida.
Nada é como era antes. A Família se modificou."


Essa é a realidade que machuca. É essa realidade que se instala na casa e na vida de quem perdeu alguém querido...

Erroneamente pensamos e desejamos que a morte siga uma sequência cronológica: primeiro os pais morrem, depois os filhos. E quando essa sequência é alterada os pais sofrem muito, pois acabam perdendo também sua perspectiva de futuro.
Quando um filho morre, leva consigo sonhos e projetos dos pais, o que intensifica a dor da perda.
 A morte é vivenciada como “perda de um pedaço” de si. Quando a vida de um filho é interrompida, os pais são violentamente atingidos.

Diante da perda de um filho cada pessoa reage de uma determinada maneira. Essas reações dependem de fatores como: a relação entre pais e filho (como era esse vincúlo? Esse relacionamento era saudável? Conflituoso? A idade do filho também influencia (em cada etapa da vida existem fatores que dificultam a elaboração da perda)/ as circunstâncias da perda é outro fator determinante (causa da morte, como foi, o que aconteceu). 

Com a perda de um filho o casamento também pode sofrer consequências negativas,
É frequente verificar-se, após à morte de um filho, uma quebra de comunicação entre os pais. Já que a tendência é evitar o sofrimento do parceiro, o que não deve ser feito. Um deles, em vez de conseguir escutar o outro, exige que este reprima os seus sentimentos. O outro, por sua vez, não se sentindo compreendido naquilo que está sentindo, tem tendência a deixar de comunicar. 

Nesse momento é importante e necessário o acolhimento e a força que um irá transmitir ao ao outro. Escutar, amparar, ser empatico com o companheiro é primordial.
Os pais têm que perceber que são pessoas únicas e que vão viver o luto de forma diferente. É preciso muita compreensão e tolerância para deixar que cada um faça o seu luto à sua maneira, sem se sentir ameaçado.

Com relação aos filhos que ficaram, os pais devem ficar atentos aos seus comportamentos, pois podem sentir medo de investir afetivamente nestes, com o receio de sofrer novamente. Ou, passam a superproteger o filho com medo de perde-lo também.
  
É importante que os pais possam conversar, dividir com alguém os sentimentos que podem surgir, como a raiva, tristeza, o desânimo, a saudade. É importante também que se permitam vivenciar todos esses sentimentos e saibam que o processo de luto leva algum tempo para ser elaborado. É muito difícil conviver com isso sozinhos, a companhia de pessoas próximas efetivamente é muito importante, para a superação.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011