domingo, 6 de novembro de 2011

Dia de Finados – Passado, Presente e Futuro.


       Na quarta-feira, dia 02 de novembro, minha esposa e eu fomos ao cemitério. Nós e uma infinidade de outras pessoas, outras vidas, outras famílias. Por um momento me perguntei qual forte motivo faz com que pessoas saiam do conforto de suas casas para “visitar seus mortos”.
       Para quem acredita em alma não faria muito sentido, já que se supõe que ali a alma não esteja. Para quem não crê poder-se-ia dizer que faz menos sentido ainda, já que está tudo acabado.
       De qualquer das formas que se pense, quem se foi não está mais ali. Por outro lado, há nos cemitérios um registro material - restos mortais, lápides, placas – nos indicando perpetuamente (talvez por isso o nome perpétua?) que houve alguém entre nós, nesta vida tal qual a conhecemos.Alguém que amou, odiou, riu, chorou, entristeceu-se, foi feliz. Cumpriu sua jornada e partiu.
       Lembrar é uma forma de tornar vivos, ao menos dentro de nós, aqueles que se foram e que ainda amamos. Estar ali no campo santo no dia de finados talvez possa nos ajudar a acessar essa memória afetiva.
“Visitar” os nossos antepassados nos permite ajudar a compreender quem somos, por que somos e de onde viemos. Pode ainda lançar luz em nosso presente e valorizá-lo.
       Morar em um cemitério não é um privilégio só dos que estão ali. Um dia nossos restos mortais também farão parte daquele lugar.
       Relativizar as nossas ansiedades, medos e desejos diante da eternidade do tempo e do breve tempo de nossas vidas (ou, com as palavras ditas pelo meu patrão: não levar as coisas tão a sério a ponto de adoecer) é um grande aprendizado que podemos extrair olhando todas aquelas sepulturas.
       Compreender que a história da humanidade continuará após a nossa morte física nos proporciona um sentimento de humildade honesto e necessário para conduzir o nosso dia-a-dia. Essa percepção pode ainda nos dar o suave alento de que depois que nossa história nesse mundo termine, haverá outras pessoas vivendo suas vidas, seus amores, suas dores e alegrias e homenageando carinhosamente seus mortos.


Onassis Bruno
Função - Analista de Funeral e Membro da equipe do Instituto do Luto Bom Pastor