quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que faz uma “Organização Social de Luto”?

Nós somos a Bom Pastor. Você poderá ter reparado que em alguns lugares aparecemos como Bom Pastor – Organização Social de Luto.
Pergunto-me se alguém já parou para pensar em quanta responsabilidade isso implica. Organizar a cerimônia de despedida do corpo de um ser humano que esteve entre nós, viveu, amou, foi feliz, sofreu e venceu a vida.
Preparar tudo para que os familiares possam chorar sua perda, estar ao lado do ser amado por mais algum tempo.
Na desordem e no desalento que são as primeiras horas do luto, devemos acolher a apontar o norte, orientar. E então, com a paciência do artesão, cuidar de todos os detalhes para que as famílias possam passar por um dos momentos de maior intensidade emocional de uma vida.
Encaramos o exercício desse ofício com a nobreza e a seriedade que ele merece. Afinal, essa é a nossa missão. É isso que uma empresa funerária ou uma organização social de luto fazem. Alguém já deve ter dito que o valor real das coisas que fazemos está no valor que a generosidade do nosso olhar atribui a elas.


Onassis Bruno

quinta-feira, 7 de abril de 2011


"Dona Cila - Maria Gadu"

A música Dona Cila, composta e interpretada por Maria Gadu, é um belo exemplo de como podemos lidar com nossas perdas. A letra, que  foi escrita em homenagem à sua falecida avó, é uma prova de que é possível extrair alguma beleza até dos acontecimentos mais difíceis.
No clipe oficial da música aparecem a avó e a Maria Gadu ainda menina. Em dois momentos a avó surge de maneira mágica no palco de um teatro e na passarela onde desfilam as escolas de samba. Sonhos que sua avó em vida não teria realizado.
A homenagem é ao mesmo tempo singela, refinada e principalmente emocionante.
É ainda um precioso indicativo de como podemos lidar com nossas perdas. Cada um em seu ofício, em seu mundo, da sua forma. A partir da dor, construir algo que possa iluminar as nossas vidas. Não há milagres, a caminhada não é fácil, mas há inúmeros exemplos que nos mostram que é possível.


Texto: Onassis Bruno (Atendente Grupo Bom Pastor)

terça-feira, 5 de abril de 2011

O Trem (Autor desconhecido)

    
      A vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.

     Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais.

     Infelizmente, isso não é verdade: em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível....

     Mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser superespeciais para nós, embarquem. Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos.

     Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio; outros encontrarão nessa viagem apenas tristezas; ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa.

     Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma foma que, quando desocupam seu assento, ninguëm sequer percebe.

     Curioso é constatar que alguns passageiros acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante esse trajeto, atrevessemos, com grande dificuldade, nosso vagão e cheguemos até eles... só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar.

     Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas... porém JAMAIS retornos.

     Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá. 

     O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado. Eu fico pensando se, quando descer desse trem, sentirei saudades...

     Acredito que sim; me separar de alguns amigos que fiz nele será no mínimo dolorido; deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos com certeza será muito triste, mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram... e o que vai me deixar feliz será pensar que colaborei para que eles tenham crescido e a bagagem se tornado valiosa.

     Amigos, façamos com que a nossa estada nesse trem, seja tranquila, que tenha valido a pena e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem! 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pessoa Enlutada: Como consolar? Agir? O que posso fazer?

Há acontecimentos na vida que de tão dolorosos nos deixam sem palavras para justificá-los.

Como consolar alguém que se depara com a morte de um ente querido?

 Evitar lugares comuns como a horrível expressão “bola pra frente” e querer dizer qual é o momento em que o outro deve deixar de chorar por sua perda é questão de bom senso.

Cada qual sabe de si.

Não há instrumentos que possam medir o quão grande é o sofrimento alheio. Muito menos podemos nos autorizar a dizer que sentimos muito por perdas alheias sem que isso soe pouco verdadeiro.

Não há nada de novo em dizer que às vezes o silêncio respeitoso é melhor do que mil palavras ditas ao vento.

Qualquer gesto de ajuda a uma pessoa que perdeu um familiar recentemente pode consolar de maneira mais efetiva do que tentativas vãs de tentar explicar e dar motivos para o maior dos mistérios com o qual todos nós vamos nos confrontar um dia.

Uma sopa para a mãe enfraquecida pelo sofrimento. Uma tarefa doméstica que ajude a tornar mais arejado um ambiente de tanta densidade emocional. Simplesmente a nossa presença mostrando que a vida continua e que estamos ali para ajudar no que for preciso ou entender o momento em que a pessoa enlutada precisa estar só com seus sentimentos são gestos e atitudes que podem fazer alguma diferença.

Texto escrito por Onassis Bruno (Atendente Funerário - Bom Pastor)